De repente ela está ali: trancada, sozinha, em um apartamento, longe da sua cidade, longe da sua cama, longe da família, dos amigos (se é que algum ainda lhe restou), longe dos amores que teve, longe de tudo que possa levar consigo o nome de SEU! Sim, porque agora já não passa de mais uma adolescente que acaba de chegar a maior idade, cheia de confusões, aflições, milhares de caminhos que pode seguir, algumas muitas decisões para tomar, e nada, absolutamente nada definido! Não consegue dormir, troca os dias pelas noites. Se alimenta muito mau. Ha tempos não sabe o que é um exercício. Não faz nada e usa uma desculpa para tudo: estudar! Mas ela sabe, sabe que não é nada disso, sabe que não quer isso, mas também não sabe o que quer...
É confusa no que sente, mas frequentemente sente dor, pois onde há muito vazio, a dor chega para ocupar, para  estremecer, para faze-la delirar de saudade, de falta, de desejo, de ânsia, e de morte...
Liga, mas não consegue falar! Pensa nos soluços acompanhados de lágrimas, e se envergonha ao pensar que serão ouvidos do outros lado da linha.  Ela mau consegue suportar o frio lá fora, e sente que a ligação lhe trará mais frio pra dentro....
Desliga e ouve apenas o vento, ele não foi convidado, mas insiste em entrar. Ele não esta sorrateiro essa noite, me parece agitado, invade as janelas, entra pelas brechas das portas, e por fim balança delicadamente os fios longos do cabelo, que acabam por pesar sob a face e grudar no molhado do choro.
Crise. Talvez seja isso. É esse o motivo do surto repentino, do esmalte manchado, da maquiagem borrada...mais uma crise por não saber e nem sequer tentar viver a vida e ponto final. Ela insiste em colocar aspas nas palavras, sai distribuindo interrogações no amor e reticências nos sonhos. Mas esperem: quais sonhos? Ela esqueceu da existência disso também. Foi a falta de prática...ou a falta de visão. Eram os olhares que costumavam inspirar os sonhos, mas onde eles estão agora?
Seja como for o melhor é parar, antes perder os sonhos do que a vontade de sonhar, melhor parar a brincadeira do que brincar de amar, atitude é a melhor maneira de se expressar!