sábado, 17 de setembro de 2011

A lojinha de doces


Ainda cedo ouvia-se o soar do sininho da confeitaria. A porta se abria e logo estava montada a vitrine. Fresquinhos e atraentes invadiam o olfato de toda vizinhança, eram os mais deliciosos quitutes da cidade. Ingredientes desconhecidos, receitas sem anotação, sem medidas e sem repetição. Sim, não se fabricava o mesmo doce duas vezes, todos os dias muitas novidades, apenas uma gostosura, batizada de vida, cargo chefe e sem dúvidas o mais perfeitos da casa, era diariamente encontrado.
 Os clientes? Quase tão variados quanto a mercadoria: os vaidosos compravam os mais bonitos; os luxuosos, os mais caros; os gulosos, a maior quantidade; os invejosos, os mais bonitos, mais caros e em maior quantidade.
E assim se passavam os dias na confeitaria da esquina. No final do expediente apareciam os irados, levavam sempre um doce para adoçar o estresse do dia. Os preguiçosos até tinham vontade de comer, mas era raro algum aparecer, preferiam ficar em suas casas evitando a fadiga. E apesar de muito pouco, a lojinha também podia contar com o lucro dos soberbos, os doces baratinhos não se perdiam nunca! Aliás, não houve um dia se quer que fechassem a loja com algo nas prateleiras, era como se fabricassem a quantidade certa para cada cliente. O que sobrava sempre eram as vidas, afinal não era qualquer um que podia compra-la. Maus olhos podiam olhar a beleza da vida de tão perfeita que era. O mais valioso e maior também, nada se comparava a ela. Uma gostosura mais doce do que mel, capaz de tirar qualquer um de casa no desejo de tê-la, os próprios soberbos ofereceram toda sua poupança, mas nada adiantou nenhum deles a merecia...
 Certo dia um galego entrou na loja, seus olhos revelavam tanto amor que pôde levar todas as vidas que queria. Seguindo dele um super-herói e um garotão bem magrinho ganharam suas vidas, mas tiveram tanta pressa que mal sentiram o sabor. Aí as vidas sumiram um tempo, até que um moço com cara de anjo apareceu, era ele, poderia levar quantas vidas quisesse, quantas vezes desejasse, mas ele preferiu comprar rosquinhas... Um outro levou a vida à loucura, por causa dela acabou fugindo, mentindo, festejando, bebendo, sorrindo além do comum, acabou sentindo o gostinho de chiclete que a vida tinha.
Mas infelizmente a vida é só um doce, e resta agora esperar  aparecer outro alguém que mereça ganhar essa vida também!

Andressa Figueirêdo

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Senhoras e Senhores, vamos brindar!

Sim, levantem sua taças para que brindemos a hipocresia de uma juventude mau amada que emana seus venenos, que deixa escorrer as más tolices das vidas alheias, excomungando direitos, entorpecendo sonhos, destruindo reputações e mau dizendo confissões nunca ditas, mas, acima de tudo e além de todos, brindemos toda pouca vergonha e toda sem vergonhice que encharcam juntas os belos rostinhos que não habitam esta galáxia a pouco mais de (ou quase) duas década.
 Para estes que trocaram guitarras por choros infantís, passeios com amigos por teclinhas agitadas, que transformaram a vida num reallity show ao invés de ouvir as boas e esperiêntes histórias do Vôvô. A quem não sabe desfrutar uma boa luz do luar ao som do velho violão sem contar pro passarinho azul. Às senhoras que se dizem apaixonadas mas mau sabem lutar pelo que lhes pertence. Aos senhores por sua constante insatisfação, alimento indiscutível para a nobre infidelidade. Aos queridos que diariamente vulgarizam o verbo amar e aos que amam vulgarmente.
Enfim, "tim tim" para os frutos deste século XXI e todas as suas cores, calças baixas, maquiagens pitorescas, franjas sem graça, passatempos inúteis, gostos ridículos e pensamentos egoítas! Pra vocês, um drink de paetê, e que se salvem muitas regras em meio a este bando de exeção!

Andressa Figueirêdo

domingo, 4 de setembro de 2011

Silêncio!




Um frenesi a envolveu antes que pudesse respirar. Implorando sem precedentes, jurando ao choro dos inocentes, daqueles que amam mas não sabem dizer! Sentiu o ódio amando e o amor odiando! Mas ninguém há de dizer que aquela felicidade não lhe cabia, ou que uma outra vontade não o pertencia. Ele, a amava sem dizer. Ela, dizia tudo saber. Eles? Se conheciam no olhar, se amavam nos toques, nas mensagens, nas conversas, nos outdoors, nas revistas, nos problemas, mas, nunca, nunca nas palavras. Eram incapazes de dizer aquilo. Pelo menos não enquanto os dois estivessem sóbrios ou tencionados pré mestrualmente.
Palavras...apenas uma porção de letrinhas conjugadas para expressar algo que se sente, se mente ou se corroe. É isso que muitos irão dizer, outros dirão apenas um não. Não é isso que é amar, não se pode chamar amor de ISSO! (T)ens uma (H)armonia (I)nconsciente, um (G)ostar exagerado e um (O)rgulho contagiante...Ele não dirá, ela continuará esperando. Mas dizer não os impede de sentir, de gozar, de sorrir, de darem as mãos, de se encontrarem num sentimento, de terem um arquipélago dentro de seus corações e plantarem em cada ilha a rotina do querer bem: o AMOR.

A caixinha de primeiros socorros

Se te dessem uma caixinha de primeiro socorros, o que você faria?? Uma caixinha mágica, capaz de curar qualquer ferida, de acabar com qualquer dor... uma caixinha que nunca mais te deixaria sofrer por amor. Um band-aid no sorriso, pro machucado mais leve, para o que primero desaparece, revelando a dor!
Uma dose de seriedade pra bobeira do coração, aquele mesmo, que as vezes pensa que é circo e sai abrigando os palhaços. Tão bobinho que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez...
Um sonífero tb pode cair bem...ao menos enquanto dorme pára um pouco de chorar. Talvez tenha bons sonhos, talvez consiga adiar os problemas, talvez acorde em um novo dia...
Para os pobres pés cansados, uma massagem cairia muito bem. Correram tantas léguas de saudade, pularam tantas barreiras, derrubaram tantos muros, que agora estão doloridos, cheios de calos, mas continuam a andar...
Mas de que adianta se a caixinha curar?? A dor faz parte do amor, é preciso cair pra aprender a levantar. Afinal, mau de amor, se cura com outro amor!

Substantivo simples, masculino, abstrato e lindo.




Como um dia me ensinaram
Necessito repassar
(Lamento). Aos que nunca amaram
Direi o que é amar.

O amor, eu lhes diria,
Que é um substantivo assim:
Masculino, abstrato e lindo
Mas não tão simples como se diz.

Caso queiram enverbar,
Sua transitividade pede complemento
Pois amar não se ama só
Nem por um único momento.

Caso queiram qualificar
Milhões de estrelas eu daria
Tal qual a lua ilumina o céu
Em noites escuras e frias.

Se fores precavido
E uma contra-indicação me perguntar
Mau de amor lhe direi muitos,
Mas pra qualquer doença o remédio é amar.

Na superfície ou nas profundesas,
Quando a saudade lhes fizer gritar de dor
Qualquer que sejam as circunstâncias
Serás feliz por ter conhecido o amor.


Andressa F.

Se não brilha, corta!

Percebí que não sou dígna de um país de maravilhas, e, embora tenha sido tarjada lindamente como "(...)Tão direta que assutava, que mulher! era anjelical, com os cabelos negros como uma noite limpa, não se preocupava com a vida...", decidí criar um blog que tivesse mais a minha cara, a cara de Andressa, não de Alice! Muito indecisa e um tanto rancorosa, não se assustem com o que vão ver por aqui, sou quadripolar, porque dois polos não são suficientes. Extremista, exagerada, dramática, extrovertida, antipática e criativa! Ou eu brilho, ou saio cortando...não baixo minha crista por maior que seja o galo!

Andressa F.